domingo, 8 de setembro de 2013

Fórum ecumênico analisa conjuntura brasileira e lança desafios de incidência pública

Data de publicação: 27/8/2013
Marcelo Schneider/Conselho Mundial de Igrejas. Fotos: Edoarda Scherer

             A reunião anual do Fórum Ecumênico ACT Brasil (FE ACT Brasil), que ocorreu entre 20 e 22 de agosto, em São Paulo, dedicou boa parte de sua agenda a análises da conjuntura atual brasileira que nutriram o trabalho de construção de uma pauta comum de incidência pública a ser adotada pelos membros do fórum.
            Num painel formado por representantes de movimentos sociais, organismos internacionais e cientistas políticos, dia 20, foram apresentados diversos diagnósticos do quadro político-social brasileiro após as manifestações populares de junho passado.
          Carla Bueno, do Levante Popular da Juventude, um espaço que envolve vários movimentos de jovens ligados a partidos políticos e tem como objetivo a construção de lutas e ações comuns, lembrou que as principais manifestações ocorreram na cidade e não no campo, setor que, por muito tempo, concentrou as principais lutas do país. “Nossas principais contradições hoje estão na cidade: as jornadas de trabalho e de locomoção. As manifestações de junho serviram para mostrar que o povo está esgotado, mas, como não houve muita organização, as  mobilizações, assim como se formaram, também se diluíram”, afirmou Carla.
Para Raul  Amorim, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), “as mobilizações mostraram uma mudança no ânimo que acaba trazendo nova disposição para as lutas”. Seu ponto de vista foi aprofundado pelo sociólogo Silvio Caccia Bava, do Instituto Polis.
      Para Silvio, as manifestações no Brasil ecoam particularidades das mobilizações latino-americanas recentes. “Temos um cenário em que a vida foi mercantilizada. Tudo o que se precisa para viver é necessário pagar para se ter. Atualmente, 30% da população de SP anda a pé porque não tem dinheiro para pagar transporte. Neste cenário dá para ver o que significam 20 centavos: a vida tornou-se insuportável”, afirmou.


Fonte da notícia: http://www.reju.org.br/noticias-conteudo.asp?cod=1616

Ciclo Ecumenismo e Inter-religiosidade: visões e debates


"Justos e Pecadores – Justificados por Graça e Fé: 
Confessionalidade Luterana”









A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) foi o tema da quarta palestra do ciclo “Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates”, que tem à frente a Pastoral Universitária Ecumênica (Pasune) e o Centro Universitário Univates. A atividade, que ocorreu no dia 26 de agosto, em Lajeado, reuniu universitários, religiosos, professores e counidade em geral. O público acompanhou a apresentação do mestre em Educação Comunitária Cláudio Becker. De acordo com ele, no que tange a questões ecumênicas, a IECLB trabalha sob a perspectiva comunitária. “Esta atuação ocorre mais junto aos crentes, não com o clero exclusivamente”. Para Becker, é necessário que os responsáveis pelo papel pastoral-político da IECLB saibam orientar os membros sobre as possibilidades do ecumenismo. “Assim, o movimento seria muito maior”, entende. 


Mesmo diante deste cenário, a IECLB, segundo mostrou o palestrante, entende que “ao se incluírem na missão de Deus, as comunidades evitam a autossuficiência e o isolamento”. As relações de parceria e cooperação ocorrem com outras denominações cristãs, organizações eclesiásticas, entidades, entre outras esferas.
O mestre em Educação Comunitária também compartilhou informações acerca da trajetória e da constituição da IECLB. Atualmente, a instituição, que surgiu no início do século 18 no Brasil, possui cerca de 800 mil membros. Eles pertencem a 18 sínodos que estão espalhados por todo o país. Em razão da imigração de alemães evangélicos, a Região Sul concentra a maior parcela destes centros da IECLB. Além dos sínodos, a IECLB se organiza em comunidades e paróquias. Diante do contexto do Brasil, as diversidades étnica e cultural também se manifestam nas comunidades luteranas. 
Como a própria denominação sugere, a IECLB tem por doutrina a base feita pelo reformador Martim Lutero que pregava que a salvação vinha pela graça e pela fé.





Mais três palestras
Iniciativa pioneira em âmbito acadêmico no Vale do Taquari, o ciclo de palestras “Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates” tem como propósitos conhecer a trajetória histórica das religiões e crenças, dialogar a respeito da contribuição para a sociedade e debater sobre a superação das intolerâncias. No total, serão realizadas sete palestras no decorrer deste ano.

Confira os próximos encontros, que ocorrerão no auditório do Prédio 11 da Univates, às 19h15min:
24/09 – Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, com Dom Francisco de Assis da Silva;
28/10 – Religiões de Matriz Africana, com Pai Dejair Roberto Haubert e Selenir Gonçalves Kronbauer;
12/11 – Inter-religiosidade, com Daniel Souza.

Texto: Camila Pires (integrante Pasune e REJU/SUL)


Ecumênicos participam da Jornada Mundial da Juventude


  

RIO DE JANEIRO - A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), aberta ontem no Rio de Janeiro com a presença do papa Francisco, conta com uma ativa participação de representantes da Rede Ecumênica da Juventude (REJU), apesar do evento oferecer discretos momentos de participação ecumênica e inter-religiosa.


Marcelo Schneider
quarta-feira, 24 de julho de 2013


Em 1980, durante sua histórica visita ao Brasil, o papa João Paulo II reuniu-se com líderes de igrejas de outras confissões em Florianópolis. Em 2007, seu sucessor, Bento XVI, veio ao Brasil para a abertura da V Conferência Episcopal Latino-Americana e Caribenha e recebeu, brevemente, em São Paulo, representantes das três maiores religiões monoteístas. 

Neste ano, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, enviou convite a líderes de igrejas brasileiras para uma cerimônia de boas-vindas ao papa Francisco no dia 25 de julho, na praia de Copacabana.

A Jornada reunirá mais de um milhão de participantes ao longo desta semana. A visita do papa é parte importante do evento, mas sua dimensão e diversidade não se limitam aos espaços onde Francisco se faz presente. Isso também é válido para a agenda ecumênica da JMJ. 

Vindos de todos os cantos do mundo, os participantes também terão a oportunidade de experimentar um pouco do trabalho da REJU e serem desafiados a refletir sobre temas que tocam mais do que pessoas de outras igrejas ou religiões, mas a humanidade como um todo. 


Dois dias antes do início da JMJ, no domingo, 21, aconteceu o “encontro inter-religioso entre católicos, judeus e muçulmanos”, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O encontro reuniu 50 jovens dessas religiões e outros convidados para refletir sobre o tema “Juventude: força de engajamento, força de fé”.



Hoje, aconteceu um encontro ecumênico de jovens promovido pela regional carioca do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC-Rio) na Catedral Anglicana do Rio de Janeiro, com a presença de jovens de distintas comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.Com o objetivo de mobilizar os jovens presentes na JMJ para a conscientização e luta em defesa da vida da juventude, a REJU uniu esforços com outras organizações e criou um espaço de debate e reflexão da realidade juvenil e acerca das políticas públicas para a juventude no Brasil.

Sob o tema “A Juventude Quer Viver”, a Tenda das Juventudes está montada na Paróquia Santa Bernadete, no Rio, entre 22 e 26 de julho, e conta com mesas temáticas, celebrações, momentos de oração, exposições e apresentações culturais. Trata-se de um espaço de acolhida, formação, celebração, partilha, diálogo e convivência das mais diversas juventudes presentes na JMJ. 



Para o coordenador nacional da REJU, Daniel Souza, o tema escolhido “revela a luta pela vida dos jovens, em especial no combate à violência e ao extermínio que assola a juventude brasileira”. O desejo dos organizadores é que a pauta encoraje e interesse também a jovens de todas as partes do mundo. 

A iniciativa acontece em sintonia com a organização da JMJ, sendo uma das inúmeras atividades inscritas junto ao comitê organizador, o que lhe dá caráter oficial na dinâmica do evento e inclusão no programa distribuído aos participantes.

Entre os assuntos a serem abordados nas mesas temáticas da tenda estão: justiça e transição, memória e compromisso, desafios socioambientais, crise econômica, direitos sociais e juventudes, tráfico de pessoas, extermínio de jovens, cultura, comunicação e direitos humanos, evangelização da juventude na América Latina e solidariedade.

Para Alexandre Pupo Quintino, membro da Igreja Metodista, de São Paulo, “num evento que reúne jovens do mundo inteiro que confessam sua fé é importante que nós, que também somos jovens e temos uma fé diferente, possamos compartilhar experiências e mostrar que o ecumenismo é possível”, afirmou. 

Leda Alves, católica, do Bairro Maré, no Rio de Janeiro, acredita que “a JMJ impulsiona as pessoas a respeitarem as culturas dos outros e que encontros ecumênicos ajudam a aprofundar os nossos pensamentos acerca do diálogo, respeito e tolerância religiosa”. 

“Espaços como este tornam a JMJ um evento de todos”, apontou o jovem judeu Daniel Douek. “A tenda foi um convite para a construção coletiva”, disse. Sua opinião é ampliada pelo jovem muçulmano Shuaib El Boustani, também de São Paulo. “A JMJ prega a paz. Isso interessa a todas as religiões. O diálogo inter-religioso e o ecumenismo ajudam a acabar com os estereótipos”. 

A tenda está sendo organizada pela Pastoral da Juventude, Cáritas Brasileira, Juventude Franciscana, Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Cajueiro - Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude, REJU, Irmandade dos Mártires da Caminhada, Setor Pastoral da PUC/RJ, com a parceria do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da Secretaria Nacional de Juventude do Governo Federal e da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude.

A JMJ acontece logo depois da divulgação de dados que apontam para um elevado número de assassinato dos jovens negros no Brasil e vinte anos depois da chacina da Candelária, quando oito adolescentes foram assassinados pela polícia.

“Como viver nossas espiritualidades a partir das realidades de violência? Essa é uma pergunta fundamental para a REJU”, refletiu Daniel Souza. “Por isso fazemos parte de mobilizações como a Tenda na JMJ. Aqui reafirmamos o protagonismo das juventudes e nossa convicção de que a luta por justiça permanece no coração de nossa fé”, concluiu.



A participação da REJU na JMJ tem o apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e do Fórum Ecumênico ACT Brasil.

Fonte: ALC Notícias