quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Resolução Política do Conselho Nacional de Juventude

CONJUVE


Nem um passo atrás! Manter o rumo dos avanços sociais e combater o retrocesso é o grande desafio da juventude
O último período foi, inegavelmente, um ano de grandes avanços para a juventude brasileira. As avançadas bandeiras levantadas pelas mais diversas organizações juvenis ao longo da História recente vem sendo incorporadas à agenda pública e alçadas à condição de política de Estado. Exemplos contundentes dessa situação podem ser percebidos por meio de marcos legais aprovados e sancionados, como a Emenda Constitucional 65 (PEC da Juventude) e o Estatuto da Juventude. Outra forma de perceber os avanços é através do sucesso da aplicação de Políticas Públicas como o ProJovem, o Vale Cultura, o Plano Juventude Viva, o Pronatec, o FIES, o ProUni, o SISU (Sistema de Seleção Unificada) e a aprovação de 75% dos royalties do pré-sal para a Educação.
Essas conquistas tiveram como lócus privilegiado de discussão, elaboração e pactuação o Conselho Nacional de Juventude. O CONJUVE tem se destacado, nesse período, como interlocutor das ideias mais avançadas da juventude brasileira. Não para substituir o papel dos movimentos, mas para promover um espaço político privilegiado para protagonizar essas vozes historicamente silenciadas e invisibilizadas.
Nas ruas, a juventude brasileira se encontrou para dar novos passos, exigindo a efetivação dos direitos conquistados. Essas conquistas e o aumento da participação juvenil no tecido social, político e econômico têm incomodado certos setores sociais que percebem a redução paulatina da sua importância e dos seus privilégios historicamente adquiridos. Esses setores vêm praticando inúmeros atos de reação a essas conquistas, com maior ou menor densidade e organização.
Aparentemente desconectados, os inúmeros e recentes ataques à juventude e suas múltiplas formas de expressão e manifestação fazem parte de um contexto preocupante, que aponta para o recrudescimento da intolerância, do ódio e do preconceito de classe, raça, gênero, orientação sexual e geracional. Fazem parte desse contexto de ataque à juventude as frequentes agressões sofridas por homossexuais nas capitais e regiões metropolitanas, que tem resultado em mortes e em modificações na forma de vivência de territórios específicos; o impedimento do acesso de jovens das periferias e comunidades a determinados estabelecimentos comerciais, evidenciada para o país com a polêmica dos ‘rolezinhos’; os atos de ‘justiçamento’ que se exemplificam no menino acorrentado nu a um poste no Rio de Janeiro; a disputa por territórios entre indígenas e madeireiros ocorridas no Amazonas, que incitam o racismo e a violência, e cerceiam o acesso dos povos indígenas às cidades e seus equipamentos públicos; a ação dos grandes veículos de imprensa na tentativa de ridicularizar ou criminalizar os movimentos juvenis; a tentativa de redução da maioridade penal através da PEC 33.
A intenção do poder público em minimizar as pautas e bandeiras de luta da juventude brasileira, através de leis que regulam as manifestações e criminalizam movimentos e manifestantes - como a Lei 2405/13/RJ (lei anti-máscaras) e a Lei 12694/12 (MS) e o cerceamento de direitos constitucionais e a interferência direta na democracia do país através do PL 499/13 (lei anti-terror) que pode vir a se tornar uma reedição do AI-5, ameaçam o direito a livre organização dos movimentos, das manifestações. O adiamento da Conferência Nacional de Educação, por sua vez, também atinge frontalmente o direito à participação dos jovens brasileiros.
Apesar de possuírem diferentes atores em diferentes arenas e de promoverem efeitos em diferentes campos da vivência humana, todas essas ações podem ser caracterizadas como ataques à crescente mobilização juvenil que se espraia por toda a sociedade e que tem como base material inegável o bônus demográfico dos últimos anos.
O CONJUVE está terminando sua gestão e, como parte de seu processo de balanço, não poderia deixar de identificar a encruzilhada histórica da juventude brasileira. Se, por um lado, registramos muitos avanços, por outro identificamos uma crescente e preocupante tentativa de embaraçar as conquistas da juventude.
O principal desafio da próxima formação do CONJUVE, portanto, é impedir o retrocesso e garantir o rumo dos avanços sociais. Toda forma de mobilização e luta políticapor um país mais justo e igualitário é válida e desejável.
O Conselho Nacional de Juventude convoca as organizações e a juventude brasileira para mobilizarem-se no sentido de garantir o rumo das recentes transformações sociais que possibilitaram retirar da invisibilização social e política os anseios da juventude brasileira, garantidos pelo Estatuto da Juventude, como educação de qualidade; trabalho decente; saúde; acesso a cultura; sustentabilidade e meio ambiente; segurança pública; acesso à justiça; direito à cidade, ao território e à mobilidade urbana; acesso ao esporte e lazer e à livre participação social e política.
Convocamos também para que se unam na defesa de lutas históricas como a democratização dos meios de comunicação; difusão cultural; desmilitarização da polícia; reforma política, cultura do respeito, superação do machismo, combate à homofobia, extinção do racismo e do genocídio da juventude negra, fim da intolerância religiosa; combate à discriminação de jovens vivendo com HIV/AIDS; liberdade de manifestação; liberdade de expressão e outros tantos direitos historicamente negados.
É com muita mobilização nas redes, nas ruas e nas rampas que a juventude brasileira irá conquistar a efetivação desses direitos e a superação das velhas oligarquias conservadoras que dominaram o país desde sua colonização e que disseminam preconceitos, exclusão e intolerância contra a diversidade sócio cultural e econômica, impedindo os avanços garantidores de equidade e igualdade.

Adversários da juventude brasileira, não passarão!

36ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Juventude
Brasília, 25 de fevereiro de 2014.

REJU integra primeira iniciativa do Comitê de Promoção à Diversidade Religiosa no Fórum Social Temático

Edoarda Scherer

Durante a programação oficial do Fórum Social Temático (FST), no dia 24 de janeiro de 2014, no Memorial do RS, POA, realizou-se o Seminário "Laicidade do Estado, Direitos Civis e Democracia".
A mesa foi composta pela, bióloga Marcia Mocellin Raymundo, pelo advogado Renan Bulsing dos Santos, pela facilitadora da REJU Sul –RS, integrante do Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa, Edoarda S. Scherer, pela representante da coordenação-geral da política dos direitos LGBT (SDH/PR), Symmy Larrat, e pela teóloga Kathlen Luana de Oliveira. O momento foi mediado pela Assessora da Política de Diversidade Religiosa (SDH/PR) Marga Janete Ströher.
No debate, ressaltou-se as problemáticas enfrentadas em relação à intolerância religiosa no Brasil, nas esferas da saúde, da educação e do campo social e religioso. Destacaram-se as iniciativas do movimento ecumênico, em particular da juventude, e do movimento LGBT que vem articulando, em suas pautas, ações que visem a superação de intolerâncias históricas no cenário brasileiro. Ainda, foram pontuadas indagações a respeito do Ensino religioso e posicionamentos acerca da teologia.
Para as juventudes é essencial o trabalho em redes e integração de diferentes contextos que visem um diálogo para a superação das intolerâncias. Motivados pela utopia da casa comum, a promoção de políticas públicas concretizam a busca pela justiça.


Facilitadora da REJU integra comitê da Diversidade Religiosa da SDH

(21/1/2014) Adaptada do Portal EBC

O Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, registrou, no último ano, 231 denúncias sobre discriminação religiosa. Com base nesses números, a secretaria criou o Comitê Nacional de Respeito à Diversidade Religiosa. Foram nomeados 20 representantes, sendo dez suplentes e dez titulares, para debater garantias à liberdade religiosa, entre eles está a facilitadora da REJU-Sul, Edoarda Scherer. 

A ministra Maria do Rosário enfatizou a importância de se preservar as várias religiões no Brasil como um traço cultural. “O Brasil tem que cuidar disso porque é um aspecto positivo que o nosso país tem. A religiosidade, e também o direito de não exercer religião, tem que ser visto como um direito humano essencial”. 

O comitê não é composto por representantes de religiões, e sim por estudiosos da religiosidade. “Não cabe ao Estado dizer qual religiosidade é oficial e qual não é”, explicou a ministra. Segundo ela, embora cada membro tenha sua religião, os critérios de participação no grupo não foi baseado na fé de cada um. O objetivo era agregar pessoas que tivessem capacidade de diálogo com diferentes crenças para estimular uma integração. 
Fábio Nascimento, integrante da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB-SP, é um dos membros do comitê. Ele diz que não representa religião, e sim defende o respeito entre todas as manifestações de fé. “O Brasil é um dos melhores países, falando em liberdade religiosa, mas há muitos problemas aqui. Infelizmente, há perseguição e intolerância, geralmente de uma religião para outra, mas isso também parte da sociedade. E a diversidade religiosa faz parte da cultura do país e forma o povo maravilhoso que tem”.

Ações de consolidação do MEC Brasil

          
Durante o encontro Nacional da Rede Ecumênica da Juventude (REJU), foi realizada em Salvador, Bahia, durante os dias 5 a 8 de dezembro foi realizada uma oficina com os contatos de MEC no Brasil, com apoio da FUMEC ALC – Fundação Universal dos Estudantes Cristãos.

      O trabalho no Brasil em 2013 possui como eixo central de trabalho juventude e Justiça Socioambiental, ações destacaram-se:





  • Energia Solar para um mundo melhor: parceria com o Centro de Ciências Humanas e Jurídicas da Univates, com apoio das professoras Jane Mazarino e Luciana Turati, a Pasune realizou a palestra “Energia Solar para um Mundo Melhor“ dando continuidade a temática da justiça socioambiental. O evento foi proferido pelo engenheiro elétrico e professor Luis Maccarini.


Foto: Tuane Eggers 

  • Documentário Ouro Azul: com a parceria de Práticas Ambientais e Redes Sociais", vinculado ao projeto de extensão "Comunicação para Educação Ambiental" da Univates, ocorreu no dia 06 de junho a apresentação do documentário “Ouro Azul: A guerra Mundial pela Água”, realizado por Sam Bozzo e produzido pela Purple Turtle Films.


Foto: Ana Paula Vieira Labres

  • “Eu faço” iniciativas de mobilização Social: ocorreu no dia 26 de setembro, no Centro Universitário Univates. A atividade contou com a presença de pessoas da comunidade, que relataram suas ações para um melhor convívio da sociedade e respeito ao meio ambiente.

Foto Ronaldo Ely Rempel

            No momento de conversa, em Salvador, se definiu junto aos integrantes da REJU que a região Sul, no Estado do Rio Grande do Sul mediante articulação da PASUNE (Pastoral Universitária Ecumênica) continua sendo responsável pela articulação da FUMEC ALC no país, proposta e desafio assumido desde 2011 no Mutirão Ecumênico realizado em São Leopoldo (RS). Como perspectiva pontua-se que ainda necessitam ser esclarecida a caminhada da FUMEC no Brasil e na América Latina, para que novos contatos integrem o trabalho desenvolvido no país.

Edoarda S. Scherer

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Carta de Salvador: Encontro Nacional da REJU


Nós, juventude ecumênica, participantes da REJU, estivemos reunid@s para o Encontro Nacional em Salvador/BA de 05 a 08 de dezembro do ano de 2013 na sede da CESE – Coordenadoria Ecumênica de Serviço. "As conexões em rede e a garantia de direitos das juventudes" foi o tema que nos guiou durante esses quatro dias. Para a atividade, recebemos o apoio da CESE - Coordenadoria Ecumênica de Serviço, da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e da ICCO - Cooperación. 


O Encontro Nacional teve como objetivo: i) vivenciar a experiência de ser rede ecumênica pela promoção dos direitos das juventudes; ii) partilhar as diferentes experiências das regionais da REJU, buscando um maior conhecimento das realidades da rede e a possibilidade de diferentes articulações; iii) refletir sobre a conjuntura atual, a partir das realidades de juventudes, pautando a incidência política e a garantia de direitos; e iv) celebrar uma mística da acolhida, da valorização e do respeito, na superação das intolerâncias.

A escolha de Salvador como sede do encontro deste ano, teve como intenção o fortalecimento e a ampliação da atuação da rede no Nordeste, especialmente na REJU-BA. Além disto, também existiu o desejo de ampliar os diálogos e parcerias com outras redes e movimentos deste contexto, incluindo as conexões e interações realizadas em outras regionais, como as parcerias com a Pastoral de Juventude (PJ-ICAR), a Pastoral de Juventude do Conselho Latino-Americano de Igrejas (PJ-CLAI), a Marcha Mundial de Mulheres, o Levante Popular da Juventude, a Igreja Batista de Nazareth e Aliança de Batistas, a Rede de Protagonistas em Ação de Itapagipe (REPROTAI) e o Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE).

Nós jovens, tivemos a possibilidade de partilhar as experiências e a atuação da REJU, por meio das tendas regionais; e a oportunidade de participar dos vivenciais celebrativos e da biodança. Em todos os nossos passos e inquietações, a espiritualidade se fez uma presença. Em cada Encontro Nacional, celebramos as nossas utopias e histórias em comunidade, guiando-nos pelos ventos que nos envolvem e nos conduzem aos sonhos e ações diárias que buscam uma casa-comum realmente justa, casa de todas as gentes.

Quanto aos desafios das juventudes e incidência política na garantia de direitos, partilhamos nossas perspectivas. O enfrentamento à violência contra a juventude negra, a desmilitarização da polícia, o patriarcado, a homofobia, a intolerância religiosa, a democratização dos meios de comunicação, a luta do povo negro e as “jornadas de junho” foram temas pontuais e importantes levantados em nosso encontro. Como destaque, sinalizamos que as intolerâncias e injustiças ferem a nossa casa-comum e são estruturadas a partir de um tripé: patriarcado, racismo e capitalismo. Junto a isto, apontamos a ambiguidade das experiências religiosas, que podem tanto legitimar estas intolerâncias e injustiças que estruturam a nossa sociedade, como podem trazer caminhos para a promoção de direitos e a construção de outros modos de viver, guiando-se a partir de distintas espiritualidades, como temos vivenciado nas experiências enquanto REJU, em um movimento: anti-patriarcado, anti-racismo e anti-capitalismo.

Para nós, esta articulação acontece a partir de nossa organização em redes. Outro diálogo que realizamos em nosso Encontro Nacional. O desafio posto a partir das novas configurações da sociedade e da ação política, passa pela capacidade de se articular lutas particulares com eixos de convergência e unidade; pela procura permanente de uma organização sustentada na horizontalidade, valorizando as conexões entre as pessoas, a lógica descentrada, a multiliderança, com outras comunidades de pertença e outras narrativas. O trabalho em rede mostra-se como uma capacidade de colocar comunidades e vivências de espiritualidade distintas, mas conectadas, na luta e promoção dos direitos das juventudes.

Com estas perspectivas, nos reunimos em regionais para avaliarmos as ações realizadas em 2013 e planejarmos o ano de 2014, revisitando e reafirmando os quatro eixos de atuação propostos para o biênio 2013/2014, sinalizados na “Carta de São Paulo”: 1) Juventude e Equidade de Gênero; 2) Juventude e Superação de Intolerâncias; 3) Enfrentamento à violência contra a juventude negra; e 4) Juventude e justiça socioambiental.     

Por fim, celebramos e partilhamos a vida! Jovens de distintas experiências religiosas que se encontraram com o objetivo de ser rede na garantia dos direitos das juventudes, buscando interfaces com outros agrupamentos juvenis e sociais, sonhando outros mundos e lutando, a partir das distintas vivências de espiritualidade, pela justiça – o pulsar de nossa fé.

Rede Ecumênica da Juventude (REJU)

 Salvador, 08 de Dezembro de 2013.

Dezembro de 2013 REJU organiza encontro Nacional

A REJU, seguindo o movimento desencadeado desde a Jornada Ecumênica de 2010, realizará o seu Encontro Nacional entre os dias 5-8 de dezembro, em Salvador (BA). O tema central que guiará este processo será "As conexões em rede e a garantia de direitos das juventudes".


Justiça Socioambiental, Gênero e Juventude: perspectivas da Juventude Ecumênica no Vale do Taquari



Refletir sobre a caminhada ecumênica e avaliar os trabalhos desenvolvidos, se faz necessário para projetar os próximos passos.

Nesse sentido, somaram-se esforços junto a PASUNE, REJU Sul (Rede Ecumênica da Juventude, região Sul) e  CECA (Centro de Capacitação e Assessoria) para a realização do encontro ocorrido no dia 24 de novembro de 2013, em Lajeado, RS.

Durante o dia foram propostas abordagens relacionadas as temáticas da Juventude e Justiça Socioambiental (trabalho desenvolvido durante a ano 2012 na região do Vale do Taquari) e Juventude e Equidade de Gênero (nova abordagem de trabalho para 2014).

Na ocasião, houve a presença do assessor Claúdio G. Bekcer (CECA).

A conversa, convivência e partilha possibilitou o planejamento de algumas temáticas para o próximo ano, como a necessidade da abordagem de Gênero junto a juventude.

Texto: Edoarda S. Scherer


Ciclo de palestras Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates

Superando divisões: um diálogo sobre ecumenismo e a busca pela justiça





Foi coroado de sucesso o encerramento do ciclo de palestras “Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates”. A iniciativa, inédita em âmbito acadêmico no Vale do Taquari, foi realizada no decorrer deste ano pela Pastoral Universitária Ecumênica (Pasune) e pelo Centro Universitário Univates, de Lajeado. No dia 12 de novembro ocorreu a última palestra das sete programadas. A atividade, que teve como tema inter-religiosidade, foi realizada na Univates e contou com a presença de cerca de 80 pessoas, entre pertencentes a diferentes religiões e crenças, estudantes e comunidade em geral.

O assunto foi explanado pelo mestre em Ciências da Religião, Daniel Souza. Ele norteou sua fala em cinco pontos: o que é religião, panorama religioso do Brasil, ecumenismo, experiências e Estado laico. Daniel argumenta que todas as religiões têm um sentido existencial e influenciam no modo de viver das pessoas. Para ele, a realidade brasileira é mais diversa no âmbito de crenças e religiões do que apontam as estatísticas oficiais.  Ele citou a pesquisa Sonho Brasileiro, que mostra que 77% dos jovens se sentem livres para experimentar outras religiões, 60% querem resignificar suas igrejas e que há um aumento dos “sem religião” no Brasil.

Mesmo com esse indicativo de dinamismo entre os jovens, quando o assunto é religião a intolerância ainda é um desafio a ser superado. “Há muita intolerância religiosa no Brasil, pessoas que não conseguem viver com outras, porque são de outras religiões. Quando a sua fé passa a ser violenta e a negar a expressão do outro, isso é intolerância”, destacou Souza. Quando ao Estado laico, o palestrante destaca que ele deve garantir a liberdade religiosa e não se posicionar ou privilegiar denominações específicas.

O ecumenismo é um movimento surgido em 1910 e que propõem somar as diferenças, a fim de tornar o mundo mais justo e fraterno, ou seja, “Oikoumene - A Casa de todas as gentes”. O palestrante falou sobre as dimensões desta ideologia, a qual está alicerçada na unidade intrarreligiosa, inter-religiosidade e luta pela justiça.

Projeto bem-sucedido


Para a coordenadora da Pasune, Edoarda Scherer, todos os objetivos do ciclo foram atingidos de forma satisfatória graças á união de forças entre a Pastoral e a Univates. Através dos sete encontros, os participantes puderam conhecer a trajetória histórica de cinco religiões e crenças com maior influência no Vale do Taquari, dialogar a respeito da contribuição delas para a sociedade e debater sobre a superação das intolerâncias. As palestras tiveram como temas religião, catolicismo, Doutrina Espírita, Igreja Luterana, Igreja Anglicana, religiões de Matriz Africana e inter-religiosidade.


REJU: Nota contra a redução da maioridade penal

                                                       

Diante da súbita retomada da discussão acerca da viabilidade da diminuição da maioridade penal, a Rede Ecumênica de Juventude (REJU) entende que não poderia posicionar-se, senão, contrária às linhas de pensamento que propõem tal redução, assim como a qualquer outra medida que, de forma camuflada, apresente “solução” que, na prática, culminaria em resultado semelhante.

É sabido que a opinião popular geralmente inclina-se em favor do tratamento de adolescentes em conflitos com a lei igual ao de indivíduos adultos acreditando-se que tal alteração deverá promover a diminuição da violência e criminalidade que assolam as grandes cidades brasileiras. Acreditamos que, em parte, a desinformação e a cultura do medo, exploradas pela grande mídia sejam responsáveis por essa crença. Especialmente quando analisados alguns dados importantes, como os fornecidos pela Fundação Casa (São Paulo), que significativamente apontam que, dos aproximadamente 9.016 internos, apenas 0,6% estão encarcerados por motivo de assassinato*.

É significativo justamente porque, de forma oportunista, alguns políticos, depois de casos de assassinato cometidos por/ou com a participação de adolescentes e amplamente divulgados pelos noticiários, valem-se de tal inclinação popular a fim de promoverem-se diante dos eleitores, propondo alterações em legislações específicas que resguardam tratamento diferenciado @s adolescentes brasileir@s.

É óbvio que as pautas de segurança pública devem vir à tona e serem discutidas amplamente. Não obstante, tal debate deve ser qualificado, de modo a não ceder a medidas “populistas”, nem tampouco sucumbir em decisões superficiais que, quando muito, vão agravar as situações de precariedade na qual noss@s adolescentes e jovens estão sujeit@s.

Ora, qualificar o tema significa levar em conta, primeiramente, os aspectos jurídicos em questão. Oportunamente, o jurista Pedro Monteiro foi incisivo ao lembrar que:

A proposta da redução da idade penal é uma das atuais pérolas do popularismo penal brasileiro, cuja realização no presente quadro constitucional brasileiro é impossível. Na Constituição Federal, a inimputabilidade do menor de 18 anos é um direito individual do adolescente, sendo, portanto, cláusula pétrea que não pode ser abolida por emenda constitucional, tendo em vista o disposto no art. 5.º, § 2.º combinado com os artigos 60, § 4.º e 228 da Constituição Federal **.

Ainda assim, há pelo menos 5 projetos*** tramitando no Congresso que visam emendar a Constituição Federal para tornar imputáveis @s adolescentes em conflitos com a lei (PECs – Projetos de Emenda Constitucional). Todavia, devido a dificuldade de tais ações em alcançarem êxito, pela razão acima exposta, há pouco, o governador Geraldo Alckmin enviou ao Congresso uma proposta de reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), propondo medidas mais duras para infrações contra a vida cometidas por adolescentes. Em suma, a pretensão é que o adolescente permaneça mais tempo internado. A previsão atual é de 3 anos. O governador propõem 8 anos.

Entendemos que tal reforma não se trata senão de uma estratégia político-jurídica a fim de se conquistar o mesmo resultado, só que por outras vias. Na prática, a consequência seria a mesma que queremos evitar. Isto é, o agravamento das condições questionáveis às quais @s adolescentes internados são submetidos. As falhas nas medidas socioeducativas, que envolvem desde precariedade ao atendimento, escassez de atividades educativas e culturais, bem como distintas violações de direitos humanos, produzem a reincidência de delitos entre os jovens que vão gradativamente, entre uma passagem e outra pela Fundação Casa, por exemplo, aumentando de roubo e tráfico para latrocínio e homicídio.

Para tanto, rejeitamos a lógica “industrial” no trato de adolescentes, essa lógica pela qual seres humanos são manejados como componentes de um maquinário, de modo que quando não se apresentam funcionais, são lançados fora da linha de produção. Ao contrário, pensamos de forma humanística, depositando nossa esperança não no “dogma da pena”, mas sim em medidas afirmativas que estão alicerçadas na concretização das garantias contidas em nossa própria Carta Magna – educação, trabalho, lazer, cultura, etc. Tais medidas representam a prevenção para muitos males sociais e favorecem o protagonismo e a construção de uma vida autônoma para adolescentes e jovens.

Queremos, então, propor que senador@s e deputad@s venham a se preocupar mais em como efetivar as políticas publicas para a juventude ao invés de buscar soluções rápidas e ineficientes para realidades crônicas, a fim de que @ adolescente, de fato, possa ter opções dignas; e aquelas pessoas já marcadas por histórias trágicas, vivenciem a esperança diante da perspectiva de uma vida diferente. Em outras palavras, desejamos que nossas crianças e adolescentes saboreiem uma vida digna!


Rede Ecumênica da Juventude - REJU

Ciclo de palestras Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates

Religiões de matrizes africanas: a realidade vivenciada e os desafios para a superação da intolerância


A Univates realizou na noite desta segunda-feira, dia 28, no auditório do Prédio 11, a penúltima das palestras que compõem o ciclo “Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates”. Desta vez, o tema abordado foram as religiões de matriz afro, aspectos históricos e culturais, e questões atuais sobre preconceito e intolerância religiosa. Os palestrantes foram Dejair Roberto Haubert e Selenir Gonçalves Kronbauer.

No início de sua fala, Selenir destacou que somos todos diferentes, mas que, para vivermos em grupo, precisamos compartilhar nossa diversidade e conhecermos as diferenças uns dos outros. “Nossa escola não nos ensinou a ter esse olhar diversificado”, afirmou. Conforme ela, no Brasil, aprendemos a história do negro a partir da escravidão, e não de toda a imensidão cultural que carrega consigo. “Não há como trabalhar a cultura africana sem a religiosidade, a espiritualidade”, disse. A professora explicou ainda que o conhecimento a respeito das religiões de matriz africana é repassado de geração em geração por meio da oralidade, por isso, não há um livro único que ensine o assunto. “Hoje já temos a possibilidade de estar nos espaços falando sobre essas religiões sem tanto preconceito e discriminação. Mas para isso, precisamos estar abertos a conhecer, entender, desmistificar e dialogar”, concluiu.

Haubert destacou a complexidade de se trabalhar com a inter-religiosidade. “Vivemos um preconceito velado desde nossa infância”, observou, exemplificando com relato de situações atuais que revelam essa discriminação. Em sua explanação, ele ressaltou também que as casas de religiões de matriz africana conservam e reproduzem diversos aspectos da cultura da África, como o vestuário, a dança e a comida. “O negro trouxe sua cultura ao Brasil, e as casas permanecem ligadas a essa cultura”, afirmou.



                            
Saiba mais sobre os palestrantes

Conhecido como Pai Dejair, Haubert é babalorixá filho de Ogum, dedicando sua vida aos Orixás e à religião. Possui a sociedade beneficente Ilê dos Orixás, em São Leopoldo, e integra o grupo Gestando o Diálogo Inter-religioso e o Ecumenismo, na Unisinos.

Selenir é graduada em Pedagogia pela Feevale, possui especialização em Supervisão Escolar pela UFRJ e mestrado em Teologia, Religião e Educação pela Escola Superior de Teologia, e atua como professora e supervisora escolar.


Texto: Tamara Bischoff

Fonte: https://www.univates.br/noticias/12275

Lembranças de julho de 2013

REJU-PR realiza retiro ecumênico em comunidade budista

Elton Tada. Fotos: Fernanda Scherer
                                            

No último sábado, dia 06 de julho, a REJU-PR - em parceria com o templo budista Jodo-shu de Maringá - realizou um encontro ecumênico nas dependências do templo. Cerca de 20 pessoas participaram da programação ao longo do dia. Foram feitos debates sobre a temática da participação das juventudes nas religiões e sobre a importância da laicidade do Estado. O monge Eduardo Sasaki guiou os participantes para uma visita ao asilo Wajunkai. Além disso, os jovens participaram de oficinas de Origami e de Mandala. A banda mourãoense Terno e Saia tocou algumas de suas composições no momento cultural.

Haviam jovens cristãos, espíritas, budistas, judeus, e sem religião. Após o dia voltado para o diálogo e conhecimento das diversas culturas houve um jantar com a comunidade budista, tendo como protagonista o Karê, prato comumente consumido no Japão.  

  

Sulão VII / Mutirão Ecumênico 2013 "Juventudes: tolerância e solidariedade em mundo plulralista"

“Depois disso, derramarei o meu espírito sobre todos os viventes, e os filhos e filhas se tornarão profetas; entre vocês, os velhos terão sonhos e os jovens terão visões” (Joel 3.1).



Entre os dias 18 e 20 de outubro de 2013, pessoas de diversos cantos e lugares dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, se encontraram em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba (PR), para a realização do Mutirão Ecumênico – Sulão VII. Eram filhas e filhos que assumiram a profecia como um espaço comum de atuação, transformação e sinal de uma vivência fé; eram velhas e velhos que não abandonaram a capacidade de sonhar e buscar outros mundos possíveis; eram jovens visionárias e visionários, marcad@s pela capacidade de ver além dos lugares estabelecidos, desejando uma casa-comum realmente justa, sustentável e habitável por todas as pessoas. Gentes que fizeram do caminho em mutirão um sinal da utopia de um mundo que supere os escândalos da divisão, estruturantes de nossa sociedade; que fizeram do encontro de diferenças o espaço criativo, renovador e impulsionador de outros rumos para a nossa espiritualidade; gentes de distintas comunidades de fé, irmanad@s no vento do Espírito, fôlego de vida, que envolve a todas as pessoas em profunda liberdade.

Para Lucas de Francesco, integrante da REJU SP “a presença da REJU no MUTIRÃO ECUMÊNICO foi profética! Apresentamos uma nova visão de ecumenismo. Não podemos falar que fazemos ecumenismo, que é a vivência na "casa comum" e excluímos irmãos e irmãs de outras religiões. A casa comum sempre deve acolher todo mundo. A casa comum não pode ser excludente. Além disso, fizemos muitos novos "pontos" para a nossa linda rede. A rede cresce a cada dia mais. O MUTIRÃO ECUMÊNICO foi uma verdadeira partilha de fé, de transcendência, de sagrado”.


O caminho traçado articulou em três passos metodológicos: os olhares sobre a realidade, em suas diversas óticas; a análise e iluminação do cotidiano a partir das leituras e perspectivas bíblicas; e o estabelecimento de caminhos para a vivência ecumênica, sinais de diálogo, partilha solidária e a utopia de que a “paz e a justiça se beijarão”. 

Confira a Carta na íntegra:  http://www.conic.org.br/cms/noticias/562-sulao-vii-mutirao-ecumenico-2013

Ciclo Ecumenismo e Inter-religiosidade: visões e debates

Anglicanismo: uma via média no caminho do diálogo e do serviço



A Pastoral Universitária Ecumênica (Pasune) e o Centro Universitário Univates realizaram nesta terça-feira, dia 24, a quinta palestra do ciclo Ecumenismo e Inter-religiosidade: visões e debates. A programação, que reuniu acadêmicos da Univates, representantes religiosos e a comunidade, teve como tema a Igreja Episcopal Anglicana no Brasil (IEAB). A instituição foi apresentada por Dom Francisco de Assis da Silva, bispo da Diocese Sul Ocidental da IEAB com sede na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul.


No início da apresentação, Da Silva explicou o título da sua explanação - Anglicanismo: uma via média no caminho do diálogo e do serviço. “O anglicanismo é uma parte da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Já via média, significa que queremos ser uma ponte entre as tradições das igrejas católica e reformada”, esclareceu. O palestrante falou sobre aspectos da IEAB semelhantes ao catolicismo e à reforma. Em relação à Igreja Católica, foram incorporados, porém simplificados para a realidade da IEAB, fatores como a aceitação da construção de uma teologia discursiva da igreja, estruturação, governo e liturgia. A Igreja Anglicana ainda segue muitos princípios possibilitados pela Reforma Protestante, como o celibato opcional, igualdade de gênero, possuindo autonomia quanto à interpretação da Escritura com base na Razão. 
Atualmente, a IEAB possibilita o acesso das mulheres ao sacerdócio, respeito à questão homoafetiva, permitindo o casamento e a acolhida de casais de segunda união. 
A Igreja Anglicana trata suas questões sob a ótica da Escritura, como ponto de partilha de reflexão e de vida; da Tradição, em seu sentido dinâmico, valorizando as passagens de conceitos, visões e sabedorias; e da Razão, compreendida como virtude divina para que o indivíduo tenha a capacidade de pensar no mundo, em si mesmo e em Deus. 


Dom Francisco de Assis da Silva enfatizou que a IEAB possui como pressuposto a abertura ao ecumenismo e o compromisso com o diálogo inter-religioso. Desta forma, participa ativamente em espaços de diálogo de caráter, como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e o Conselho Mundial de Igrejas (CMI). 
O palestrante afirmou que é necessário que a Igreja se comprometa como agente transformador da realidade social, reconhecendo a força política do campo religioso. A ética e a coerência são pressupostos básicos para atuação das Igrejas e, neste contexto, Dom Francisco é radical na defesa do um Estado laico.

                                           


Mais duas palestras 


O ciclo de palestras “Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates” tem como propósitos conhecer a trajetória histórica das religiões e crenças, dialogar a respeito da contribuição delas para a sociedade e debater sobre a superação das intolerâncias. A programação abrange sete palestras, sendo que as duas últimas vão ocorrer no dia 28 de outubro (Religiões de Matriz Africana) e 12 de novembro (Inter-religiosidade).

Texto: Camila Pires e Edoarda Scherer (Pasune e REJU-SUL)