Anglicanismo: uma via média no caminho do diálogo e do serviço
A Pastoral Universitária Ecumênica (Pasune) e o Centro Universitário Univates realizaram nesta terça-feira, dia 24, a quinta palestra do ciclo Ecumenismo e Inter-religiosidade: visões e debates. A programação, que reuniu acadêmicos da Univates, representantes religiosos e a comunidade, teve como tema a Igreja Episcopal Anglicana no Brasil (IEAB). A instituição foi apresentada por Dom Francisco de Assis da Silva, bispo da Diocese Sul Ocidental da IEAB com sede na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul.
No início da apresentação, Da Silva explicou o título da sua explanação - Anglicanismo: uma via média no caminho do diálogo e do serviço. “O anglicanismo é uma parte da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Já via média, significa que queremos ser uma ponte entre as tradições das igrejas católica e reformada”, esclareceu. O palestrante falou sobre aspectos da IEAB semelhantes ao catolicismo e à reforma. Em relação à Igreja Católica, foram incorporados, porém simplificados para a realidade da IEAB, fatores como a aceitação da construção de uma teologia discursiva da igreja, estruturação, governo e liturgia. A Igreja Anglicana ainda segue muitos princípios possibilitados pela Reforma Protestante, como o celibato opcional, igualdade de gênero, possuindo autonomia quanto à interpretação da Escritura com base na Razão.
Atualmente, a IEAB possibilita o acesso das mulheres ao sacerdócio, respeito à questão homoafetiva, permitindo o casamento e a acolhida de casais de segunda união.
A Igreja Anglicana trata suas questões sob a ótica da Escritura, como ponto de partilha de reflexão e de vida; da Tradição, em seu sentido dinâmico, valorizando as passagens de conceitos, visões e sabedorias; e da Razão, compreendida como virtude divina para que o indivíduo tenha a capacidade de pensar no mundo, em si mesmo e em Deus.
Dom Francisco de Assis da Silva enfatizou que a IEAB possui como pressuposto a abertura ao ecumenismo e o compromisso com o diálogo inter-religioso. Desta forma, participa ativamente em espaços de diálogo de caráter, como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) e o Conselho Mundial de Igrejas (CMI).
O palestrante afirmou que é necessário que a Igreja se comprometa como agente transformador da realidade social, reconhecendo a força política do campo religioso. A ética e a coerência são pressupostos básicos para atuação das Igrejas e, neste contexto, Dom Francisco é radical na defesa do um Estado laico.
Mais duas palestras
O ciclo de palestras “Ecumenismo e inter-religiosidade: visões e debates” tem como propósitos conhecer a trajetória histórica das religiões e crenças, dialogar a respeito da contribuição delas para a sociedade e debater sobre a superação das intolerâncias. A programação abrange sete palestras, sendo que as duas últimas vão ocorrer no dia 28 de outubro (Religiões de Matriz Africana) e 12 de novembro (Inter-religiosidade).
Texto: Camila Pires e Edoarda Scherer (Pasune e REJU-SUL)
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